Não compre celulares no Brasil!

Em Comparação de smartphones e celulares por André M. Coelho

Você está de olho naquele celular em promoção na loja do shopping perto da sua casa. Mesmo com o preço mais alto do que o mesmo modelo lá fora e tendo a possibilidade de ir ao exterior ou pedir alguém para trazer o aparelho, você está seduzido pelo parcelamento e a garantia do produto no Brasil. É uma decisão quase certa. Até que você se esbarrou com este artigo e leu nosso título.

Por que não comprar celulares no Brasil?

Veja bem, estou sendo um extremista, assim com as operadoras e fabricantes tem sido conosco. Preços abusivos, cobertura vergonhosa, suporte técnico e SACs que ninguém consegue usar direito. Pensando bem, não acho que estou sendo extremista: estou sendo sensato. Irei explicar minha sensatez começando com uma experiência pessoal.

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As dores de cabeça de meu Galaxy Note II

Sou usuário de Palms e smartphones desde 2004. Meu Palm Zire 72 comprei no Brasil, Já meus smartphones foram todos comprados diretamente do exterior, pois trabalhava com importação e revenda de produtos.

Precisava trocar meu aparelho que já estava velho e não atendia mais às minhas necessidades. Tinha gostado muito do Galaxy Note I, mas ainda achava ele muito ruim comparado com outros modelos e nenhum deles tinha tudo que eu precisava, até a chegada do Galaxy Note II. Esperei por um tempo até ter uma boa promoção na internet e comprei meu primeiro celular no Brasil. Garantia de um ano, toda aquela história, parcelado em muitas vezes. Eu descobri em pouco tempo que seria melhor ter esperado, ou comprado um modelo de fora, sem o selo da Anatel.

Em 6 meses, meu aparelho deu problema. Não ligava mais. Fiz uma pesquisa e vi que era um problema da primeira geração de placas-mãe do aparelho, que tinha um defeito de engenharia da memória RAM, assim como foi a primeira geração do Galaxy SIII. Quero deixar claro que quando comprei meu Galaxy Note II ele já tinha sido lançado há alguns meses e lá fora, de acordo com relatos em fóruns dedicados ao aparelho, os chips já tinham sido trocados. O meu, pelo visto, era da primeira geração, defeituosa.

Entrei em contato com a Samsung Online que demorava mais de dois dias para responder minhas solicitações. No atendimento do bate papo, apesar de ter sido bem atendido, o atendente não soube me orientar muito bem, principalmente quando demonstrei saber a origem do problema. Levei meu aparelho para a garantia.

Lá, reinstalaram o sistema operacional. Veja bem: eu não sou um usuário mediano. Sou um consultor em tecnologia com mais de 10 anos de experiência com produtos tecnológicos e garanto que se o problema do aparelho fosse uma simples troca do sistema operacional eu teria resolvido isso em minha casa. Expliquei do problema da placa-mãe quando deixei o aparelho lá. Só atualizaram o sistema operacional.

No momento em que cheguei em casa, meu chip já não funcionava mais. Troquei o chip, não funcionou. Lá fui eu deixar meu aparelho de novo na garantia. Expliquei de novo o problema da placa-mãe de fábrica, algo comum em aparelhos de “primeira geração”. As empresas lá fora sabem disso e se preparam para trocar os aparelhos quando estes problemas ocorrem. Eles também corrigem os defeitos para não ocorrerem de novo.

Após quase um mês, recebo meu celular de volta. Primeiro tentaram trocar a placa do chip. Depois, eles me deram um “novo celular” mas sem mexer na parte externa dele. Uma das peças mais caras eles trocaram: a placa-mãe. Acredito que seja já uma placa-mãe da nova geração, pois não tive problemas. Tiveram o trabalho de trocar minha placa mãe, que é muito mais trabalho que simplesmente me dar um celular novo. E acredito também ser mais barato.

Em todos meus anos de vendas de produtos, smartphones e do uso deles, esse foi o PRIMEIRO smartphone que comprei, seja pra mim ou pra algum cliente, que deu problema. Minto, o segundo. O primeiro TAMBÉM foi comprado no Brasil para uma cliente, mas talvez possa ter sido problema de uso do aparelho, e dou um desconto para as fabricantes e operadoras. O primeiro que deu problema. O primeiro que paguei mais caro. Para nunca mais.

As desvantagens de comprar um aparelho celular no Brasil

Sou geralmente um “early adopter” de tecnologias. Isso significa que não me importo de pagar um pouco mais caro para vivenciar tecnologias novas mais cedo do que outras pessoas. Com o tempo, adquiri experiência para entender como funcionam as vendas destes produtos. E trabalhando como importador, também entendi o que acontecia com os produtos que chegavam no Brasil.

Nós não somos um país “early adopter”. Nossa cultura é pagar caro não por qualidade, mas por status. Qual o problema em ter um iPhone 5 de  segunda mão norte-americano se eu paguei R$2.400 por ele? Mesmo sabendo que temos sites e vendedores confiáveis, como aqueles presentes no comparador de preços Buscapé e espalhados pelo MercadoLivre, as pessoas optam por pagar mais pelo status em lojas físicas, mesmo que parcelem em 30 vezes.

Smartphones no Brasil

Simplesmente não vale a pena comprar smartphones em nosso país. (Foto: noticias.bol.uol.com.br)

Isso leva as empresas a compreenderem que nosso público é “menos exigente” do que lá fora. Afinal, uma reclamação no Twitter nos EUA sobre um produto vai gerar uma repercussão muito pior do que você reclamando do seu aparelho aqui. Garanto e assino embaixo. Já vi amigos fazendo isso e funcionando. E eles nem eram famosos. Tal menor exigência e leniência das autoridades (vide “eficiência” do PROCON e da ANATEL), leva as operadoras e fabricantes a serem menos exigentes com os produtos daqui.

Você acha que as placas defeituosas da primeira geração do Galaxy Note 2 foram simplesmente jogadas fora? Ou você acha que é mais sábio enviar para um país onde o defeito pode ou não acontecer e se ocorrer, vai ter menor repercussão. Pense.

Preciso falar dos preços? Acho que preciso só citar que o iPhone 5 de 64 GB comprado no exterior, na época de seu lançamento, saía mais barato que no Brasil, incluso o preço das passagens de ida e volta, a compra do iPhone 5 desbloqueado em Nova Iorque e 2 dias de estadias lá. Lógico, você não vai poder parcelar. Mas será que não vale a pena se preparar um pouco e economizar para  seu próximo celular?

Junte toda esta experiência com a garantia do Brasil, praticamente inexistente. Nos EUA, como o vídeo que colocamos neste artigo mostra, você simplesmente recebe um aparelho novo. Para onde você acha que vai o usado com defeito? Faça as contas. Pense o que eles fazem com as peças.

Queria dizer ainda sobre os “testes” da Anatel. Queria fugir do clichê da corrupção e da incompetência do governo. Mas não tenho como fugir. Os conselheiros da Anatel e seu presidente sabem tanto de novas tecnologias e smartphones quanto eu sei sobre os últimos governantes do Sri-Lanka. Eles são indicados, com pouco ou quase nenhum conhecimento técnico do assunto.

Sei que posso soar um pouco extremista ou até conspiratório. Mas minha experiência me diz mais do que uma simples teoria ou uma simples “coincidência”. Meu Galaxy Note 2 foi o primeiro e último celular que compro no Brasil. Tenho amigos nos EUA para acionarem a garantia, caso precise para meu próximo aparelho. Me recuso a alimentar uma indústria podre que explora o brasileiro que ainda engatinha nos conhecimentos sobre tecnologia.

Se vocês tiverem qualquer dúvida, questões ou quiserem dicas de compras, deixem nos comentários abaixo suas questões. Terei todo prazer em ajudar a desmontar todo esse esquema de exploração a nós, brasileiros.

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

Quando André entrou na faculdade em 2004, notebooks eram ainda muito caros. Para anotar as informações, buscou opções, encontrando no Palm Zire 72 um aparelho para ajudá-lo a registrar informações das aulas. Depois, trocou por um modelo de celular com teclado, Qtek quando o 2G e o 3G ainda engatinhavam no Brasil. Usou o conhecimento adquirido na pesquisa de diferentes modelos para prestar consultoria em tecnologia a diversas empresas que se adaptavam para o mundo digital. André passou ainda por um Samsung Omnia, um Galaxy Note II, e hoje continua um entusiasta de smartphones, compartilhando neste site tudo que aprendeu.

2 comentários para: “Não compre celulares no Brasil!”

  • Rafael Lucena

    Olá, é a minha primeira vez aqui nesse site e cheguei por meio de um vídeo de vocês que vi no Youtube e gostei bastante. E o primeiro post que eu me deparo nesse site é este aqui que por sinal também gostei bastante. Eu também sou um usuário um pouco mais experiente sobre esse assunto e também adoraria comprar não só celulares, como eletrônicos em geral nos EUA, mas infelizmente não tenho essas facilidades que você possui, por isso gostaria de saber se você tem alguma dica para conseguir comprar eletrônicos, principalmente celulares, importados.
    Valeu e ótimo post!

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    • Equipe Telefones Celulares

      Olá Rafael,

      O canal Realidade Americana no Youtube tem uma loja virtual que envia ao Brasil produtos comprados nos Estados Unidos. Não comprei ainda, mas já ouvi boas recomendações.
      Obrigado por assistir o canal Telefones Celulares no Youtube.

      Responder

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